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O estado do Paraná está no segundo maior corredor de tornados do mundo

Postada em: 11/11/2025 Atualizada em: 11/11/2025 11:01:02 Número de visualizações 16 visualizações
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O estado do Paraná está no segundo maior corredor de tornados do mundo

'Segundo maior corredor de tornados': especialista elenca características do Paraná que podem ter influenciado fenômeno que destruiu cidade

Pesquisadores alertam para o aumento da frequência e da intensidade dos desastres climáticos no estado.


O Paraná está entre as regiões mais propensas à formação de tornados no planeta, segundo especialistas em climatologia. O estado ocupa o segundo maior corredor de tornados do mundo, atrás apenas das chamadas "pradarias centrais" dos Estados Unidos, que têm como característica relevo plano e áreas de baixas altitudes.


O fenômeno que devastou Rio Bonito do Iguaçu, na sexta-feira (7), é um exemplo de como a combinação entre massas de ar quente e frio torna o território paranaense mais vulnerável. Além de Rio Bonito, tornados também atingiram Guarapuava e Turvo no mesmo dia.

“Nós temos o primeiro corredor de tornados nos Estados Unidos e o Paraná, todos os estados do Sul de uma forma geral, está no segundo maior corredor do mundo”, explica a professora e doutora em Ciências Ambientais Leila Limberger, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

A especialista em tornados, Karin Linete Hornes, professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), explica que a área propensa a tornados engloba também os outros estados da região Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e partes do Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia.


Segundo estudo das pesquisadoras Loriane de Almeida e da Maria Crisitina Pietrovski, de 1972 a 2025, a região Sul registrou 514 tornados.


Mapa da ocorrência de tornados desenvolvidos pelos pesquisadores da UEPG — Foto: Reprodução/ UEPG

  • Como os tornados se formam

Segundo a pesquisadora, os tornados surgem a partir do choque entre ventos quentes e úmidos vindos do Norte do Brasil e ventos frios da massa polar que chega pelo Sul.


“Quando essas duas massas se encontram, temos a formação de uma frente fria. O termo 'frente' vem de fronte, de batalha, porque é o local do embate entre o ar quente e o frio”, detalha Limberger.


Ela explica que esse encontro cria movimentos giratórios dentro das nuvens, capazes de gerar funis que podem tocar o solo. A especialista explica que o tornado procura o ponto de menor pressão atmosférica, geralmente associado às áreas mais quentes, o que ajuda a entender porquê o fenômeno atingiu o centro urbano de Rio Bonito do Iguaçu.


“A cidade é o ponto mais quente da região devido ao concreto. É possível que a supercélula tenha encontrado ali a menor pressão e tocado o solo. Mas ainda precisamos de mais estudos para confirmar com exatidão”, explica.


  • Região propícia e estação de risco


O climatologista Francisco Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), reforça que as regiões centro e oeste do estado são as mais vulneráveis a esses fenômenos.


“Essas áreas, que vão de Ponta Grossa até Foz do Iguaçu, são relativamente planas e têm pouca mata. O embate entre o ar quente tropical e o ar frio polar é constante, e na primavera e no outono essa diferença é ainda mais intensa”, explica.


A primavera é considerada o período mais propício para tornados, uma vez que o calor e a umidade do norte se combinam com a chegada de frentes frias ainda ativas do inverno.


“Nesse dia, tivemos um aquecimento muito grande no Norte do Brasil e muita umidade. Esses ventos se direcionaram para o Sul e formaram o sistema que resultou no tornado”, afirma Limberger.


  • Tornados mais intensos e frequentes

Os pesquisadores afirmam que as mudanças climáticas estão tornando os eventos extremos mais intensos e frequentes.


“O planeta aqueceu quase 1,5°C em relação à média histórica. Isso significa mais energia no sistema, mais evaporação e maior força nas dinâmicas atmosféricas”, explica Limberger.

Mendonça concorda e destaca que os tornados sempre existiram no Paraná, mas que agora ocorrem com mais frequência.


“São fenômenos naturais dessa faixa do planeta, mas hoje estão mais intensos. As águas dos oceanos estão muito mais quentes, o que injeta vapor no ar e deixa a atmosfera mais instável. Essa turbulência favorece a formação de ciclones, tempestades e tornados.”


  • População precisa se preparar

Para Limberger, é importante que a população paranaense reconheça que vive em uma região de risco e saiba como agir diante de alertas.


“Nós vivemos numa região de tornados. Precisamos entender isso e repassar esse conhecimento à população. Quando houver alertas da Defesa Civil ou do governo, as pessoas devem observar o céu, prestar atenção às nuvens e buscar abrigo em locais seguros”, afirma.


Infográfico: tornado deixa rastro de destruição no Paraná — Foto: g1

Fonte: g1 Paraná

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