Por Rodrigo Jung
Por muito tempo, quando criança, ouvi minha mãe, Cecília Jung, falar de uma tal Escola Joaquim Nabuco em Dom Armando, que ela estudou, que os irmãos estudaram e eu pensava: “nossa deve ter sido muito bom lá, já que minha mãe e meus tios falam tanto deste lugar”. Todos eles contavam histórias e relembravam fatos desta escola com muito orgulho, muita saudade, e uma enorme satisfação.
Com o passar do tempo, e devido a minha profissão, tive a oportunidade de conhecer a tal escola que meus familiares tanto falavam. Na minha imaturidade eu imaginava. “Mas nem tem nada demais aqui neste prédio!”. Eu estava totalmente enganado, pois não fazia ideia do que aquela instituição representava na história da minha família.
Meu avô, Carlos Jung (in memórian), embora não seja tão lembrado nos livros da história de Missal, foi um dos pioneiros em Dom Armando. Meus familiares contam que, inclusive, o SEU CARLOS ajudou a construir o primeiro prédio da Escola Joaquim Nabuco, com duas salas de aula. Teve participação ativa no Clube Cultural, nas equipes de bolão, depois meus tios com os times de futebol e assim por diante.
Foi aí que me dei conta de que minha família se criou em Dom Armando. Minha mãe Cecília, irmã da Terezinha, do Vilson, do Nelson da Brahma - como era conhecido, do Osvaldo, da Lúcia, da Helena, da Maria, da Inês, do Linus, e do Amaro.
Hoje nenhum dos meus familiares reside no Distrito, pois foram buscar novas alternativas. Talvez este seja um dos motivos da família de Carlos Jung não ser mencionada na história. Mas o que eles viveram, e o que acompanharam do progresso, não se apaga. E eu, guardo na memória as histórias que eles contam.
Um dia destes fui com minha mãe próximo ao local onde eles moravam, mas nem ela reconheceu este local, pois a casa em que moravam, já não existe mais. Os exemplos de superação que relatam, lá nos anos 70, percorrendo estradas de chão, muitas vezes apenas picadas, pra chegar até a Escola Joaquim Nabuco, com salas de madeira, com seu lanchinho colonial, cheio de dificuldades, mas com a vontade de estudar, de aprender e de valorizar cada dificuldade.
Foram estas situações que permitiram que a família Jung progredisse, e muitos dos ensinamentos da minha mãe Cecília são baseados nos conhecimentos adquiridos na Escola Joaquim Nabuco. Foi daí que ela, minha mãe, aprendeu a resistir a qualquer dificuldade, a superar sozinha uma gravidez não esperada. Graças a isso eu nasci. Graças a ela não desistir na primeira dificuldade, eu cresci, com a criação dela.
E na sexta-feira, 13 de junho, tive eu, a oportunidade de apresentar a solenidade de 60 anos da tal Escola Municipal Joaquim Nabuco. Consegui perceber nas pessoas envolvidas, a emoção, a gratidão, por poder fazer parte desta história. Seja quem está hoje, seja quem já passou pela Escola. E aí me dei conta que naquele prédio tem algo a mais sim, lá tem memórias, e estas jamais devem ser esquecidas, ou apagadas.
Gratidão pela oportunidade em fazer parte desta comemoração!
Fonte: Rodrigo Jung / Jornalista - (MTb 0012231/PR)